quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Perder-se




Uma amiga querida me emprestou um livro: O vendedor de sonhos. Confesso minhas restrições ao tipo de literatura, mas fui capturada por uma frase específica: “Como se achar sem nunca se perder?”. Especialmente nesta época do ano tendemos às reflexões, às análises filosóficas da existência. Reinventamos fórmulas para atingir velhos objetivos, na mesma medida que projetamos novos sonhos.

Você já deve ter andado por muitas estradas; já deve ter visto gente de todo tipo e tamanho; já deve ter subido montanhas e descido vales profundos. Fato é que, por mais conhecidos que sejam os caminhos, por mais informações que recebamos antes de percorrê-los, eles sempre se revelam de forma única para cada passante.

Tenho certeza que todos nos perdemos em algum ponto da longa estrada, marcada não por km, mas por anos. Analisando este meu quilômetro (ano), posso dizer que me vi diante de uma grande encruzilhada logo nos primeiros metros (meses). Eu conseguia ver o horizonte, mas não tinha a menor ideia do que o oeste me reservava. Segui a oeste. Foi inevitável me perder por diversas vezes e me encontrar em outras tantas.

Voltando à frase que inspirou o post, fiquei analisando a importância do “perder-se”. O perder não é um ato voluntário do tipo “Ah! Eu vou perder agora esta caneta para encontrá-la depois”. Não, definitivamente não. O perder está na conta do acaso, do inevitável, da distração, ou até mesmo do risco que estamos dispostos a correr em cada escolha que fazemos.

Então, se está para além de mim e distante da livre volição, logo, não é o perder-se que importa, mas a capacidade de reencontrar-se. Somos o erro e o acerto, somos o bem e o mal. Vez por outra discordamos de nós e nos separamos; mas sentimos nossa falta e nos procuramos novamente; e nos achamos; e... que grata surpresa... já não somos mais aquele que se perdeu.


Nós não conheceremos quem somos se não permitirmos que nosso eu caminhe sozinho, e se perca, e se ache novamente.

Estamos a um mês do fim do ano letivo. É inevitável que nos façamos uma pergunta elementar: eu me perdi? Se me perdi, me achei? Se me perdi e não me achei, estou me procurando? Se me perdi, não me achei e não estou me procurando, por que não quero me achar? Não sei você, mas no meu caso, quando me perco, me acho quando consigo ouvir o eco de minha própria voz.

Quero deixar mais uma frase do livro. Espero que te inspire, como inspirou a mim: “Sou um caminhante que perdeu o medo de se perder. Sou um caminhante à procura de mim mesmo.”

Até a próxima!!

Jane Castelo Branco

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http://www.estudosecia.com.br/

2 comentários:

  1. Jane,

    Curioso que hoje falei sobre isso. Do quanto o trajeto desse ano fez-me cair. E ao me levantar descobri que passei a caminhar de modo diferente. Ainda me assusto ao perceber que minhas reações já não seguem mais a lógica antiga, intensa e claramente reconhecida. Estou tão diferente que ainda não achei bem o meu lugar. Vou achar, certamente, no momento em que o trilho no qual atravesso parecer parte de mim. Até lá...até lá é aventura. Se somos novas pessoas a cada dia...porque pensar em coerência. beijoss

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  2. Que lindo post! Parabéns!
    Bjs

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